Workshops: Sharing Stories (Event Description)
Participants stories
From January 2018 to June 2019 there were 257 stories published on the contributive web platform of the Afro-European Narratives project. Many of these stories were produced in the context of the workshops organised by the project team and partners, working with other organisations, namely schools and cultural associations.
In this digital archive, you can find stories in several languages (Portuguese, English, French, German, Spanish and Creole) and also stories that use a diversity of media (text, illustration, photography, video, sound and music).
From the Day of Africa 2018 to the Day of Africa 2019, the Afro-European Narratives Project fostered two sets of Prizes to distinguish the best stories published on its web portal: the Afropean Awards, within the scope of the projects proponent country (Portugal) and the BEST African-European Narrative within the range of the projects official participant countries (Portugal, France and Germany).The winning author in each of these countries had the opportunity to come to the closing event 2019, in Lisbon.
Check the Winning Stories 2018-2019 !
BEST African-European Narrative – Portugal
“Refugiados”, Smith Lima Mendes
BEST African-European Narrative – France
“Mariam et Manassé : un destiprn édéfini”, Mimosa Legentilhomm
BEST African-European Narrative – Germany
“Meine Erfahrung mit Cumbia”, Jihad Rayan
AFROPEAN Awards
Text
“17 de Fevereiro de 1573”, Diogo Moreira
Illustration
“O imbondeiro, a árvore sagrada”, Luís Gonçalves
Music and Sound
“Hinos revolucionários… hoje”, Marco Roque de Freitas
Video and Multimedia
“Um Africano Feliz”, Afolabi Kelvin
UNL Distinction (NOVA University of Lisbon)
“Uma lança em África”, Catarina Letria
Other Stories …
Check other stories shared during the Afro-European Narratives project, on the contributive portal africaneuropeanarratives.eu. Here are some examples!
UMA AMIZADE IMPROVÁVEL
Para falar da nossa conexão com a cultura Africana, ao início só me lembrei do meu avô contar todas as memórias dele … Até ao momento aquelas histórias eram a única coisa que me ligava a África …
Até que conheci aquela que mais tarde se tornaria a minha melhor amiga …
A nossa escola sempre tentou ostracizar as pessoas que não “encaixavam” nos padrões exigidos pela escola, mas …
nós partilhávamos várias coisas, músicas, por exemplo, … (Sim eu posso não saber dançar, mas um bom ritmo é um bom ritmo); ela também cozinhou para mim e vice-versa (bem, eu tentei pelo menos) e acho que já consegui superar o que a minha boca sofreu com o picante.
a amizade é isso mesmo, rir, chorar, aceitar, mas sobretudo partilhar interesses, vivências e até mesmo cultura, e a cultura africana é uma que eu gosto bastante de ir conhecendo.
COMPAÑÍA, NAVIDAD
El color. La piel. La piel es una frontera, y su color la designa, la contiene. Es un farolillo, el farolillo: indica, señala. Acércate, o no.
Considero que mucho de lo que “nos llega” o “nos viene” es heredado, aprendido, y probablemente, no digerido. Todavía me sorprendo en el metro inclinándome más a sentarme próximo al cuerpo blanco que en lugar de al negro.
Y lo mismo ocurre si me preguntan por la calle, o si me toca a mí preguntar. Guardo preferencias, preferencias imantadas –porque es como que tu cuerpo va directo al que cree similar– que no sé hasta qué punto son mías de verdad, incorporadas, o forman parte del subconsciente. Y esto es algo perverso que a menudo trato de deconstruir.
Cuando encontré este dibujo de mi infancia, una cena de Navidad multicultural, percibí muchas cosas que ya estaban cargadas en mi imaginario con apenas siete años. Todas las razas –negros, amarillos, blancos y rojos, que para mi eran TODAS– reunidas en el que es el encuentro blanco, el encuentro cristiano por excelencia, el gran festín convivencial invernal: la Navidad.
Una de ellas, la raza negra, de repente es un regalo, aparece ahí, sobresaliendo de la caja, y la caja está en el suelo.
Nadie le mira…, simplemente está ahí.
La objetualización o estetización del cuerpo ese al que aun a día de hoy seguimos llamando “otro”.
FAMILLE MULTICULTURELLE
L’histoire est celle de mes origines, de ma famille. Je m’appelle Eva, je suis métisse. Ma mère est Française et mon père est Camerounais. Je suis alors descente Africaine. Mais, je ne connais pas mon histoire. Mon père est né et a grandit en France, il est alors imprégné de la culture Française, et n’est jamais allé au Cameroun. Je décide alors de me tourner vers Frederic, mon oncle. Celui ci a eu l’occasion d’aller au pays, il maintient de nombreux liens avec le Cameroun, notre famille, et en connaît l’histoire. C’est alors qu’il va me raconter notre histoire. Notre histoire multiculturelle.
….
Em África, vive muitos momentos de alegria mas houve também muita tristeza envolvida. Tenho uma grande relação com África, porque metade de mim está lá e outra metade de mim está em Portugal. A minha mãe e o meu pai saíram muito cedo de África à procura de boas condições de vida, porque a minha mãe vendia carvão e peixe. Fiquei em África com os meus 3 irmãos a viver com a minha tia. Passámos muito mal, porque a minha tia não cuidava de nós e praticamente fazia tudo sozinha. Cheguei a queimar-me quando estava a cozinhar com 10 anos para podermos almoçar. Vim para Portugal com 13 anos para estudar e entrei na orquestra Geração. Gostei muito de experimentar e aprender música de conviver com as pessoas.
C’est l’histoire de l’immigration des deux femmes prônant la paix et la tolérance
(…)
J’ai vécu l’immigration. Je suis Étiopienne et c’était á 26 ans que je suis venue em France. À cause de la politique mon père était resté em prisom pendant 7ans (…) Depuis 40 ans ce n’est pas un pays d’égalité, surtourt pour les jeunes; beaucoup meurrent…
Je suis Sénégalaise. J’ai été un peu dépaysé au début parce que le contact au Sénégal était plus spontanné. On allait voir les gens pour leur dire bonjpour ou bonsoir, les voisins, les voisines; il n’y avait pas de barreire
(…)
L’ émmigration n’affecte pas seulement l’Afrique ou leas pays pauvres. Il Ya beaucoup de pays où l’on trouve ces mouvements lá, de l’ émmigration
(…)
If faut qu’il y ait moins de morts à l’ Océan, (…) qu’il y ait la paix (…)
C’est triste, c’est triste …
MES CICATRICES ET LE REGARD DES AUTRES
Une chose dont je suis fier aujourd’hui et dont je n’ai pas/plus honte est certainement mes cicatrices tribales sur le visage mais ça n’a toujours pas été ainsi. Né à Lomé la capitale du Togo, je suis le 13ème ou 14ème enfant d’une famille de 22 enfants. Quoi?? What?? Diriez vous, mais oui c’est bien vrai mais rassurez-vous plusieurs femmes en sont les génitrices.
Alors qu’avons nous tous en commun entre frères à part notre nom de famille? Une cicatrice tribale sur le visage notamment un trait oblique sur la joue gauche. Mais personnellement j’en avais plus que mes frères ce qui me rendait un peu “ spécial & différent “.
Tout petit, je ne me posais même pas de questions sur ces traits particuliers.
Mais avec le temps, ces cicatrices devenaient très encombrantes au vue du regard des gens jusqu’au point il m’arrive de me demander ce qui n’allait pas chez moi.
Et pourtant ces cicatrices sont habituelles dans beaucoup de familles dans mon pays voire dans la sous région (…)
Des années sont passées et j’ai mené beaucoup de batailles afin de m’accepter et de m’aimer et surtout de ne pas considérer quiconque ne m’apprécie pas pour ces traits.(…)
Ser africana é ser destemida, alegre e muito paciente. Todos os dias há uma história para contar seja ela boa, má, engraçada ou muito dramática (mas mesmo muito dramática).
Ser africana é saber suportar horas a fio sentada a trançar os cabelos rebeldes e indomáveis, mas que no final valia sempre a pena.
Ser africana é ter a noção que viemos de uma família enorme, mas que nem metade conhecemos.
Ser africana é saber lidar com a mãe nos dias bons e maus, na saúde e na doença, na pobreza e na riqueza, até que ela nos apresente a colher de pau.
Ser africana é substituir as bonecas e os carros eletrônicos pelo o que a natureza tem a oferecer, como por exemplo trepar árvores ou brincar na chuva.
Ser africana é ter orgulho das nossas raízes, da nossa cultura, da nossa História, dos nossos antepassados. É encontrar nas coisas mais simples a felicidade.
O jovem que muitos fazem questão de afirmar “tu não és africano”. É o mesmo jovem que come o calulu, a cahupa, a moamba todos os domingos igual a muitos outros, ouve a RDP África e os clássicos musicais que lá tocam. É o mesmo que faz questão de se manter atualizado sobre o continente por todas as plataformas disponíveis, é o mesmo que nunca vira a cara quando o assunto é África, é o mesmo que se não for no contexto escolar, está inserido na comunidade africana dentro de Portugal.
“Tu és europeu”. Obtive o documento português aos 15 anos. Hoje tenho 22, até aos 15 era considerado o quê? Porque que é que um cartão do mesmo tamanho do meu passe tem de definir a minha identidade? (…) A minha herança portuguesa resume-se à língua que falo e ao meu documento de identificação. A minha herança africana não cabe em 25000 caracteres. Meu pai não é branco, minha mãe não é branca, eu sou africano.
My family came from Angola on 25 April. Even though I was born here I hear so many stories that I feel It fee I am there. From the smells of coffee and fruit to the typical cuisine, playing barefoot …
I feel that I am also from Angola. We are certainly different people. My family suffered greatly from decolonization, but in our house rules joy and a very strong union. As long as we have food on the table we are fine. I learnt to make Moamba, Pirão, Funge and I will spread the tradition! I listen to my grandmother remembering with nostalgia the moments she lived in Africa, always happy to have been there. She erased the bitterness that the war might have left. My grandmother became a widow and came to Portugal with four children, some of them returned to our land, Angola.
A minha ligação com África tem a sua origem a partir dos meus avós, pois ambas a minha bisavó e avó do lado da minha mãe viveram em Moçambique durante e antes da guerra colonial, ambos os meus avôs também combateram nesta guerra e apesar de eu nunca os ter conhecido sempre me disseram que era um período de que eles não gostavam de falar e mantinham as conversas relacionadas com isto o mais curtas possível.
Os membros da minha família sempre me contaram várias histórias do tempo vivido lá e apesar de nem todas serem boas memórias devido a ser maioritariamente um tempo de guerra, seria mentira dizer que não tiveram impacto na minha identidade, pois apesar de esta minha ligação a África ser unicamente através das memórias de outras pessoas a cultura Africana sempre esteve de certa forma presença na minha casa através de decorações, roupas, documentos, fotografias e outras lembranças trazidas de África pelos meus avós .
África é sem dúvida um lugar que eu gostaria de visitar no futuro, pois é um sítio com uma longa história e com uma cultura fortíssima e mesmo que seja através de memórias longínquas sinto que de certa forma faz parte de mim, tal como muitos outros Portugueses.
Olho para ela enquanto me conta o que nunca antes contou. (….) Mas hoje, estes olhos estão um tom mais negro, não me olham com a firmeza a que me acostumei.
“Nunca me hei de esquecer” diz ela.
Estamos à mesa, eu e ela, a casca da batata doce que eu teimo em deixar no prato é o ponto onde os olhos dela se focam.
(…)
“Filha, se soubesses o que era a fome não fazias estas fitas. Se tivesses passado pelo que eu passei…”
Olho para ela enquanto se debate internamente se deve ou não prosseguir.
“Nunca me hei de esquecer,” – os dedos entrelaçam-se em cima da mesa, pálidos em contraste com o verde escuro da toalha – “de me deitar no chão com as minhas irmãs assim que ouvíamos os tiros, as janelas abertas como se convidassem o perigo a entrar. Não me hei de esquecer do sabor intragável daquela papa que a minha mãe fazia e que nada mais era do que farinha e água com alguns cogumelos selvagens que ela própria apanhava. (…) e só ela sabia o que lhe custava ser somente esta a alimentação disponível para as suas cinco filhas.”
(…)
“Apesar de termos vindo para Portugal quando eu era ainda muito pequena, estas memórias nunca se hão de dissipar. Mas não são estas memórias que associo a Africa. A minha terra, Moçamedes, lembro-a como sendo linda apesar da guerra. Lembro-a como sendo fonte de mil segredos (…). O meu sonho é voltar, reavivar as memórias de uma menina de cinco anos com olhos rasgados, que mais parecia asiática que africana.”
“Como é que vieste para Portugal?”
Nos dias de hoje é muito normal ter colegas de origem africana nas escolas, no local de trabalho, entre outros. Convivemos com estes tal como convivemos com qualquer outro ser humano, pelo menos maior parte da população. Tem também parte da população que é apelidada de “Racista” por não gostar de pessoas de origem africana. Muitos não gostam por medo, outros porque a família também não gosta, mas, em alguns casos nasce com a pessoa.
Pessoas de origem africana muitas vezes são vítimas de discriminação e bullying apenas por terem o tom de pele mais escuro. Este tipo de discriminação e bullying consiste em expulsar a pessoa de um grupo de amigos, falar-lhe mal e, em casos extremos, ofendê-la. Com isto a pessoa pode acabar por entrar em depressão devido á sua exclusão do seu grupo de amigos ou até mesmo do seu grupo de trabalho. Este tipo de “Racismo” não ocorre só dos caucasianos para os africanos, também ocorre o contrário. O racismo na escola é algo para ser extinto, seja sozinho ou com ajuda médica, eu, por exemplo, precisei de ajuda de psicólogos para conseguir superar o racismo e hoje convivo com pessoas de origem africana sem problemas e sem as discriminar. Se eles nos conseguem aceitar nós temos de ser capazes de os aceitar também.
Compus esta letra para mostrar a grandeza dos negros em qualquer parte do mundo e que quando nos dão espaço conseguimos superar as expectativas e ser excelentes e brilhantes.
Eu sou kelvin, tenho 11 anos e sou nigeriano. Racismo não devia existir! Para mim, racismo é um preconceito racial que está ligado a ideias de medo: medo de estrangeiros, medo de certos grupos de pessoas porque são diferentes. Eu sou africano , mas aqui na escola eu nunca sofri nada disto. Tenho bons amigos de todas as cores… O racismo consiste em preconceito e discriminação baseados em percepções sociais baseadas em diferenças biológicas entre os povos. Muitas vezes toma a forma de ações sociais, práticas ou crenças, ou sistemas políticos por consideram que diferentes raças devem ser classificadas como superiores ou inferiores com base em características.
Zoé a rendez-vous avec son amie Carla. Celle-ci va lui faire découvrir, d’une autre manière, des endroits de Bordeaux où l’ on découvre la culture africaine qui est présente un peu partout sans que l’on s’en aperçoive.
(…)
La multiculturalité est présente à chaque recoin à qui veut bien ouvrir les yeux et prêter plus d’attention au monde qui nous entoure. Il suffit d’un peu de curiosité pour voir notre vision changer.
A FEELING OF TRUE AFRICAN IDENTITY
I am more than proud to be an African child. This feeling intensifies anytime I showcase my beautiful African culture. I mostly dress in native African wears with an afro hairdo because they are beautiful and I love to be identified as an African. This is just one style out of over a million.
Desde pequena aprendi a falar a minha lingua porque seria interessante aprender a comunicar com os meus familiares, amigos e primos de Cabo Verde. Não foi fácil aprender a falar e a escrever mas valeu a pena pois o creoulo é uma língua super gira e complicada, por isso dá mais gosto de aprende,r e cá entre nós, saber falar outra língua e ver as outras pessoas a tentar descobrir é super engraçado e divertido.
Escrevi esta letra para que as pessoas percebam que ninguém é refugiado porque quer, e sim porque está a passar realmente uma necessidade (…).
Quando vi a foto do menino sirio Alyan Kurdi morto numa praia na Grécia, passado uns dias decidi que tinha de escrever esta letra por este miúdo e por todos as pessoas que têm morrido em alto mar a fazer as travessias perigosas.
PELEAR UN TIEMPO, PELEAR UN LUGAR
Uno de los mayores conflictos que encontré al llegar a Portugal desde Mozambique fue la manera en que el tiempo es otorgado o destinado al extranjero. Noté que, simbólicamente, mi tiempo era un tiempo de segunda, que valía menos que el tiempo de los cuerpos blancos.
(…)
Recuerdo lo difícil que se me hizo llegar a quedar con mis compañeros de clase por vez primera. Sí, hay un gran respeto al “extranjero”, hay numerosas expresiones que se usan y se limitan para no resultar ofensivo, y considero que, como el lenguaje ya en sí está colonizado, atravesado por el poder, este es un ejercicio democrático.
(…) Hay una gran objetualización del cuerpo no blanco, e incluso del cuerpo no blanco femenino. Con frecuencia todos te saludan, incluso te preguntan qué tal, pero apenas he encontrado oportunidad de iniciar una relación continuada, o de simplemente tomar un café.
(…) Noto que solo por mi color de piel ya estoy en una categoría en la que se presuponen una serie de rasgos por defecto que no me van a dejar paso a enunciar mi propia palabra.
(…) Es por tanto que mi relación con este país es ambigua, por un lado me siento acogida y respetada en la universidad –algo que a veces en otros lugares no he sentido– pero por el otro percibo que esta hospitalidad no deja lugar a ir un poco más allá, a iniciar una relación de amistad.
(…)
En consecuencia, considero que ser extranjero y no blanco es una constante pelea por hacer de tu nuevo lugar un hogar.
Em outubro de 2010 parti para uma nova aventura, um novo desafio, um novo país com apenas 10 anos. Não foi fácil, na altura não aceitei bem a ideia de deixar para trás toda a minha infância, os meus amigos e aquele que considerava ser o meu pais. Era uma nova etapa que ia começar da minha vida. Era em Moçambique que estava a maior parte da minha família, só faltava eu e a minha mãe, e foi essa a razão que nos levou a abrir um novo capítulo.
(…) Hoje estou grata por ter tido a possibilidade de viver outra cultura
(…) Não nasci em Moçambique, mas sinto-me moçambicana. Hoje só me resta a saudade, a saudade de todas as tradições que me acompanharam durante 8 anos e que hoje significam muito para mim. No entanto, os papeis inverteram-se, se há 7 anos me custou ir para Moçambique, em 2017 custou-me regressar a Portugal. KANIMAMBO.